A Inseminação artificial é a primeira geração das biotecnologias e sua história começa entre tribos Árabes. Conforme relatos extraoficiais, a inseminação artificial (IA) foi utilizada pela primeira vez no ano de 1332, em equinos, pelos árabes. No entanto, a história registra como marco inicial da IA o ano de 1779, quando o monge italiano Lazzaro Spalanzani demonstrou que o poder fertilizante do sêmen residia nos espermatozoides. Mediante experimentos, foi possível o nascimento de filhotes de cães pela fecundação de uma cadela no cio por meio da deposição do sêmen no trato reprodutivo da fêmea. No ano de 1949, pesquisadores como Polge, Smith e Parker demonstraram que os espermatozoides de várias espécies podiam ser conservados a baixas temperaturas na presença de substâncias crioprotetoras por longos períodos de tempo. Essa descoberta permitiu a maior difusão da técnica da IA começando inclusive a comercialização desse sêmen congelado.
Toda história da Inseminação Artificial no Brasil você pode encontrar acessando esse artigo: www.cbra.org.br/pages/publicacoes/rbra/v39n1/pag17-21
A inseminação artificial em tempo fixo (IATF) é uma biotecnologia utilizada para resolver as dificuldades encontradas no processo de inseminação artificial (IA) convencional, tendo por objetivo o controle da ovulação, através de protocolos hormonais. Esta técnica pode ser utilizada em diversas espécies, como ovinos, caprinos, bovinos e bubalinos.
A IATF é a sincronização da ovulação das fêmeas bovinas através da manipulação hormonal do ciclo estral. Em decorrência disso, pode-se sincronizar um lote de vacas paridas ou novilhas e inseminá-las, não precisando fazer observação do cio, permitindo a inseminação de um grande grupo de bovinos em apenas um dia (GONÇALVES; FIGUEIREDO; FREITAS, 2008)
Os protocolos de IATF preconizam sincronizar a onda de crescimento folicular, a fase luteínica e sua regressão e o momento da ovulação. Esta técnica foi desenvolvida em decorrência das dificuldades de serviço apresentadas pela IA no mundo todo, em razão da dificuldade da identificação do estro que necessita de uma mão de obra mais cuidadosa em horários não comerciais, muitas vezes.
As vantagens do programa de IATF:
• Inseminar um grande número de animais em um curto espaço de tempo;
• Facilitar o manejo do rebanho;
• Aumento da produtividade devido à melhoria genética;
• Controle sanitário de doenças sexualmente transmissíveis;
• Padronização dos animais e com maior potencial de produtividade;
• Uniformidade dos lotes;
• Diminuição do custo de aquisição e manutenção de touros.
Existem pré-requisitos que devem ser seguidos para a implantação de um protocolo de IATF em um rebanho:
• Vacas paridas a mais de 30 dias;
• Vacas com escore corporal no mínimo de 2,5 (escala 1a5);
• Novilhas já ciclando (caso não estejam há protocolos para indução da ciclicidade);
• Deve receber uma alimentação suficiente e adequada para não perder peso;
• Controle sanitário eficiente;
• Veterinário capacitado para implantação de um programa de IATF;
• Curral e mão-de-obra adequados para a realização da inseminação;
• Inseminadores experientes;
• Utilizar somente sêmen de touros com alta fertilidade.
Os protocolos hormonais utilizados na IATF foram desenvolvidos devido ao aprimoramento dos conhecimentos da fisiologia reprodutiva da fêmea. Desta maneira, existem diversos hormônios que podem ser administrados, podendo ser através de injeções intramusculares e/ou através de implantes de liberação lenta, simulando o ciclo estral normal da fêmea, permitindo ser feita uma programação da IA para um determinado dia e hora, daí o termo tempo fixo.
Dentro da gama de hormônios mais utilizados temos: os progestágenos que geralmente são administrados na forma de implantes vaginais ou auriculares, proporcionando uma liberação gradativa deste hormônio, impedem o cio, sincronizando esse para o dia escolhido pelo condutor do protocolo; as prostaglandinas F2α (PGF2α) e seus análogos sintéticos que tem a função de fazer a luteólise para início de um novo ciclo estral; os estrógenos aumentam com o desenvolvimento do folículo e auxiliam na maturação do oócito, levando ao comportamento de cio na fêmea, há vários tipos de estrógenos ( meia vida que diferem) e os mais usados nos protocolos são o benzoato de estradiol, junto com o progestágeno, para criar atresia folicular e o cipionato de estradiol no final do protocolo para auxiliar na ovulação; já as gonadotrofinas (LH e FSH) tem seus efeitos similares com o uso do ECG ( gonodotrofina coriônica equina que tem o mesma função do Lh, propiciando a maturação final do folículo e ovulação); o GNRH( hormônio regulador das gonodotofinas) auxilia na liberação das gonodotrofinas para fazer o crescimento e ovulação do folículo dominante, na fase final serve para criar ou garantir um pico de LH e melhorar o processo da ovulação.
É importante ressaltar que os fármacos e hormônios utilizados não prejudicam as fêmeas, pois são substâncias iguais, ou mesmo, similares às que participam do ciclo estral natural, e após seu efeito, não interferem em ciclos posteriores, muito menos geram resíduos no leite e na carne.
Acesse esse artigo para ter mais detalhes dos hormônios na fase final do ciclo estral: www.cbra.org.br/portal/downloads/publicacoes/rbra/v43/n4/P79