A Múltipla Ovulação e Transferência de embriões (MOET), é a segunda geração nas biotecnologias na reprodução bovina, através da superovulação dessa fêmea, ela própria produz mais folículos que graças aos diversos hormônios utilizados, fazem com que ela venha a ter múltiplas ovulações, a grosso modo seu organismo é preparado naturalmente para ovular um folículo, com a superovulação ela passa a ovular vários folículos, como nos cães e suínos que os fazem naturalmente. Para essa situação ocorrer muitos hormônios são necessários e isso faz com que a fêmea venha a ter uma vida útil reprodutiva também reduzida, claro que há exceções e muitas prolongam sua jornada de trabalho, porém a regra faz limitar a produção dessas fêmeas superovuladas. As patologias mais comuns apresentadas são em nível ovariano – os cistos foliculares, e em nível de útero: mucometras, hidrometras e às vezes associação de mucometra com cistos ovarianos. Antigamente tudo era a partir das observações de cio, denominado cio base, se observavam os cios das doadoras e a data e horário desse cio anotados para início da cronologia de uma contagem regressiva de 9 ou 10 dias para início das superovulações (SOV), doses decrescentes de hormônios gonadotróficos aplicados durante 4 dias seguidos com intervalos de 12 horas de cada aplicação, perfazendo 8 doses desses hormônios, além dos hormônios finais para a ovulação. Após isso mais observações para controle exato do início dos cios das doadoras eram imprescindíveis, um trabalho diuturno por 48 horas. Após 12 horas do início do cio as fêmeas eram inseminadas e após 12 horas da primeira dose eram feitas a segunda dose, tentando cercar a maior quantidade de folículos que pudessem ovular. Por volta do ano de 2000, com advento da hormonioterapia mais comercialmente, com o controle do ciclo estral mais avançado, os dispositivos de progestágenos associados aos estrógenos, vieram facilitar a vida dos técnicos responsáveis pelos programas de colheita de embriões e dos inseminadores. Com o controle do ciclo estral através da hormonioterapia, a técnica deslanchou e se popularizou de vez. Ao mesmo tempo no início desse século 21, a PIV, produção in vitro de embriões, técnica trazida ao Brasil pelo querido Dr. Enoch Borges de Oliveira Filho, veio ocupar seu espaço comercialmente e transformou a nossa tecnologia de embriões para um mercado imaginável, pois essa biotécnica tida como a terceira geração, veio suplantar naturalmente a MOET que ainda é uma biotecnologia utilizada em alguns locais, muitas vezes até sendo alternada com aspirações foliculares para PIV, porém hoje a MOET é apenas uma técnica pontual, mas já foi uma técnica imprescindível para o País.
Veja essa revisão de literatura sugerida, para entender melhor a dinâmica dos hormônios utilizados na MOET através da SOV:
Barros C.M., Barcelos A.C.Z.B. & Nogueira F.G. 2007. Tratamentos superestimulatórios utilizados em protocolos para transferência de embriões bovinos. Superstimulatory treatments utilized in bovine embryo transfer protocols. Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl. 3): s759-s766