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PRODUÇÃO DE EMBRIÕES IN VITRO (PIVE)

A PIVE existe graças a OPU (ovum pick up) ou aspiração folicular. A aspiração ou OPU, pode ser realizada tanto em um ovário de uma fêmea pós morte como de uma fêmea viva, daremos ênfase sempre na espécie bovina. A produção de embriões in vitro compreende algumas etapas, partindo do pré suposto que os oócitos já foram coletados através da OPU através da ultrassonografia em uma doadora viva ou de uma aspiração com seringa, em ovários de vacas pós mortem, oriundos de frigorífico. Nessa etapa da OPU o técnico de campo faz a lavagem do material aspirado pelo Médico Veterinário, a busca dos oócitos e a classificação destes em oócitos viáveis e não viáveis, sendo os viáveis divididos em 3 grupos, de acordo com sua qualidade, (G1-G2-G3) sendo a soma deles o total de estruturas viáveis. As etapas posteriores para transformar os oócitos ou ovócitos viáveis colhidos em embriões, são as seguintes: Maturação in vitro (MIV), Fecundação in vitro (FIV) e Cultivo in vitro (CIV). Da OPU até a produção dos embriões são 8 dias, sendo 20-24 h para o período da maturação (MIV), 12-22 horas para Fecundação (FIV) e mais 6 – 6,5 dias cultivando (CIV), até obtermos os embriões prontos para serem envasados e transferidos. Cronologicamente o dia da aspiração ou da OPU, onde também já se inicia a MIV, denominamos D -1; no dia seguinte, a FIV é efetuada, nessa etapa o sêmen que o cliente almeja é colocado após um processo de centrifugação para capacitação do sêmen e limpeza do mesmo, separando os espermatozóides vivos dos mortos e todas as sujidades provenientes da congelação do sêmen, diluentes etc, denominamos de D 0 a etapa da FIV; após essa fase as estruturas são transferidas para o meio de cultivo (CIV), onde os pré zigotos terão tempo para se transformarem ou não em embriões, o D 3 , assim denominado, nada mais é que o terceiro dia pós a fecundação, nessa data, 72 horas após a FIV, a técnica do laboratório faz uma contagem do número de estruturas que clivaram, clivagem é o indício que os oócitos foram fecundados, a porcentagem de clivagem, significa a quantidade de estruturas que iniciaram a divisão, sabemos que quanto maior a clivagem, melhor serão as porcentagens de embriões produzidos, geralmente a metade dos oócitos que clivaram se tornarão embriões. Uma produção normal de embriões apresenta uma porcentagem de 30% de embriões, pelo total de oócitos viáveis recuperados na OPU. Um dia antes do envase, denominamos de D6, nesse dia se faz a contagem dos embriões que serão envasados para transferência no outro dia, o dia do envase, denominado D7. Desta forma, os embriões produzidos têm 7 dias de vida, estão cronologicamente em estádio de blastocisto, podendo haver alguns embriões mais atrasados. Ainda em estádio de blastocisto inicial, ou mais adiantados em estádio de blastocisto expandido. A sequência do estádio mais novo para o estádio mais adiantado é a seguinte: mórula (MO), blastocisto inicial (BI), blastocisto (BL), blastocisto expandido (BX), blastocisto em eclosão (BN), blastocisto eclodido (BE). Ainda podem aparecer embriões no oitavo dia, denominado D8, estes são mais retardados, geralmente ocorrem mais dos embriões provenientes de sêmen sexado. Os embriões criopreserváveis pelos métodos de vitrificação ou congelação lenta ( vulgo DT), são sempre os embriões com a melhor morfologia, com o botão embrionário ou massa celular interna mais organizada e com uma blastocele melhor também, sem células extrusadas ou imperfeições na zona pelúcida, portanto, numa produção de 100 embriões, devem ser criopreservados apenas os melhores, talvez uns 70 embriões, ou seja, 30% de uma produção normal deve ser descartado para vitrificação ou congelação, esse número pode ser aumentado ou reduzido,  essa condição depende exclusivamente da qualidade embrionária que varia em cada produção.

A utilização dos critérios para avaliação dos embriões produzidos, segue os preconizados pela IETS (international embryo technology society), estes critérios podem auxiliar na redução da subjetividade da classificação dos embriões produzidos in vitro (servem também para os embriões produzidos in vivo de vacas superovuladas – SOV), mas a acurácia e a consistência dependem da experiência do técnico. É recomendável, principalmente para quem está iniciando na atividade, procurar utilizar óptica (lupa ou estereomicroscópio) de qualidade, e que forneça um aumento mínimo de 40x, e procurar observar o embrião em diferentes ângulos.

É importante lembrar também que a classificação morfológica é apenas indicativa do potencial de desenvolvimento dos embriões. Alterações funcionais que podem comprometer o desenvolvimento embrionário não são necessariamente refletidas imediatamente na morfologia, ou seja, um embrião aparentemente perfeito pode ter um baixo potencial de desenvolvimento em função de fatores intrínsecos como, por exemplo, defeitos genéticos, ou extrínsecos, como contaminações ou fontes de estresse no cultivo in vitro ou na coleta in vivo de vacas SOV. Neste sentido, avaliações dinâmicas, em que se observa a progressão dos estádios de desenvolvimento após um período de cultivo, ou técnicas auxiliares de avaliação, como coloração para contagem de blastômeros e identificação de células apoptóticas, podem auxiliar na determinação do potencial real dos embriões. Estas avaliações, contudo, nem sempre são compatíveis com a dinâmica ou os objetivos da prática comercial da atividade.

Por outro lado, a taxa de gestação após a transferência de embriões é determinada não apenas pela qualidade embrionária, mas também pelos critérios utilizados na manipulação das estruturas, da habilidade do técnico responsável pela transferência, pelo grau de sincronia entre o estádio de desenvolvimento embrionário e a fase do ciclo das receptoras, e pela condição sanitária e nutricional das mesmas. O registro criterioso da classificação dos embriões transferidos, e também de parâmetros como qualidade do corpo lúteo, escore corporal da receptora, dificuldade na execução do procedimento, etc., são de grande valia no momento de interpretar os resultados da TE.

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